Começo por partilhar uma frase, que um dia partilharam comigo, e... que significa muito para mim: "A nossa maior glória não está em nunca cairmos, mas sim em nos levantarmos de cada vez que caímos." (Confúcio, 500 a.c.)

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Dez 09

Desde há uns tempos que me sinto revoltada, desconsolada, impotente e muito triste por causa de uma doença chamada Alzheimer…

Isto porque, a cada dia que passa me “rouba” mais um bocadinho da minha avó.

A minha avó foi e é uma grande mulher. Uma lutadora, uma esposa exemplar, uma mãe presente e uma avó preocupada.

Recordo muitos bons momentos passados com a minha avó e com o meu avô. As férias que passava em Baião, as brincadeiras e asneiras na loja, a apanha das pinhas, dos pinhões, das amoras... O meu avô foi-me “tirado” há muitos anos. Não quis a vida que ele nos acompanhasse e vibrasse com os nossos sucessos e alegrias. Quando podia viver em pleno veio a hemodiálise, os problemas cardíacos e mais uma panóplia de doenças… Nem imaginam como me lembro dele, a falta que me faz. E a saudade? Parece que aumenta com o passar do tempo, não é bem como diz a sabedoria popular "o tempo tudo cura"!

A minha avó parece que nos deixa aos poucos, (que desiste) como disse por causa dessa tão famosa doença que parece que faz parte do quotidiano de tanta gente…

É tão injusta!

Temos tentado aproveitar ao máximo todos os bocadinhos que a minha avó nos dá… mas há situações tão difíceis, tão deprimentes, tão injustas, tão revoltantes…Dificeis de exprimir. Só quem as vive diariamente saberá do que falo e o que sinto!

Por causa do Alzheimer vê, ouve e fala sobre realidades ausentes, inexistentes, fantasiosas … e afirma-as com tanta convicção que nos dói ouvi-la…

Se antes não sabíamos lidar com esta doença, nem entendíamos o que se passava, actualmente lê-mos e partilhamos muita informação…

Se por vezes nos dá vontade de a chamar à razão, de imediato decidimos não a contrariar e conversar com ela, dar-lhe atenção, tentar perceber a realidade em que de vez em quando vive... Como diz uma amiga minha, pensa que é pior para vocês, ela não se apercebe, nem sofre como vocês…. Às vezes quero acreditar que é mesmo assim. Mas será?

E questiono-me e revolto-me sobre tantas outras coisas… mas não encontro respostas!

Dá muito, muito, muito trabalho e é muito cansativo lidar diariamente com situações inesperadas que este dito Alzheimer teima em nos dar, mas deu-nos outra coisa, fortaleceu-nos enquanto família. Cá em casa gerimos tudo de forma a estar sempre alguém a fazer companhia à minha avó, as nossas saídas em família acabaram, mas os nossos laços fortaleceram-se…

Só espero tê-la aqui muito tempo e com o máximo de lucidez…

E…a quem têm avós aconselho a “aproveitá-los” ao máximo…

É o que fazemos cá por casa, por exemplo, por opção este ano ficaremos no Natal e na noite da passagem de ano todos juntos… tentaremos fazer deste Natal um Natal muito especial… Inesquecível…

A todos desejo um excelente Natal.

Beijinhos

publicado por Filipa às 15:34

comentários:
Obrigada pelo seu comentário, Madalena...
Amar incondicionalmente é o que nos mantém vivos, não é?
Participe sempre...
Beijinhos
Filipa
Filipa a 31 de Dezembro de 2009 às 00:13

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